sábado, 1 de março de 2014

AUTORAMA 
Na minha infância um sonho não se concretizou: o autorama! Naquela época nossos pais costumavam nos colocar dentro da realidade nos limites do possível, ou seja, a grana não dá, entendeu, filho? Hoje as crianças se iludem com o poderoso papai que enfia o cartão numa máquina infernal que cospe dinheiro, uma fantástica fábrica de dinheiro! 
Mas curti tardes ensolaradas, depois das matinés, inventando aventuras com os soldadinhos e índios do Forte Apache no quintal da minha casa lá em São Borja, entre pereiras, abacateiros, pitangueiras e meu cachorro, o Amigo, guaipeca que me acompanhava nas emboscadas à caravana e liderava o ataque da cavalaria; que saudades! 
Lá pelos meus vinte anos comprei um autorama de um colega em aperto e montei dentro do meu apê-ovo, que tomou quase toda a área da residência, acreditem. 
Era um autorama da Estrela, vieram três carrinhos: uma Lotus, a Ferrari do Niki Lauda e o Copersucar do Fittipaldi. 
Meus amiguinhos borrachos se divertiam em memoráveis corridas e grandes prêmios regados a Black Tie e Norteñas de litro. 
Acho que essa fase durou uns seis meses, até meu amigo Capincho e eu resolvermos tornar as peleias automobilísticas mais emocionantes, tocando fogo na pista pros carros passarem numa desafiadora cortina de fogo, um torvelinho de emoções quase tocar fogo no apartamento e no prédio, coisa de bêbado, de dois malucos realizando um velho sonho de infância, amigos e amigas! 
Hoje nem sei se existe autorama, talvez nos games, telas e noutras engenhocas virtuais, que a meninada brinca sem se sujar de terra ou sangrar o joelho numa queda de bicicleta, não sei. Bons velhos tempos, meus queridos e queridas correligionárias, bom almoço pra vocês!

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

CARNAVAL 
Há pouco fui ao meu jardim, na certeza que devo chorar, pois bem sei que não queres voltar para mim. 
Queixo-me à aleivosias, aos brotos de frívolas que ornamentam o canteiro quase tomado por escrotos que, daninhos e insinuantes, entre as espúrias que sufocam as sirigaitas sorridentes, encantadas por um escroto, nunca vi! Nem vou falar nos pés de lambisgóias, com esmalte escarlate e francesinhas, uau! 
Mas vou entrar em retiro no carnaval, em orações, juro pra vocês! Orações subordinadas substantivas adjetivas e com ênclise na garrafa de libertina, sobre a mesóclise, servida por sacripantas embriagados, ao som de ladinos que dedilham clitóris venusianos, sucintos. 
Ah, como gostaria de ter aprendido a tocar clitóris, esses pequenos órgãos que glorificam quem os conhece. Há quem diga que o segredo está na ponta da língua, mas quem sabe? 
Meu carnaval será assim, pequenos filhotes de Momo, desajustados e alheios à realidade que mata milhares de filhotes de escalopinho e arvores ornamentais hamburguesas; divirtam-se enquanto o mundo se corrompe, seus burgueses irresponsáveis! 
Estou tentando achar uma Rainha Moma, mas não tem, né? E ninguém reclama disso, tenham dó! Ré, mi, sol e por aí vai. 
Voltarem 70mg, pequenos capetas!

BLACULA 
Vi esse filme em Santa Maria, em 1975, e uma cena foi inesquecível: o cadáver-vampiro de uma mulher levanta-se, no necrotério, e avança para o cara que está ao telefone, no corredor. Acho que é a única coisa que presta no filme inteiro. 
Nos anos 70 aconteceu uma invasão de filmes blackexploitation, atores, diretores todos negros. Houve coisas boas, mas o Blacula certamente não foi uma delas. 
É a história de um príncipe africano, o Mamualdi, que é mordido pelo Drácula e, claro, vira vampiro e a coisa rola por aí, com o Mamualdi (William Marshall) se transformando em um vampiro tipo lobisomem - ele fica todo peludo que nem um cachorro terrier - e mordendo as meninas, que ninguém é bobo! 
Tudo previsível mas me impressionou, na época, o vampiro negro. Veria de novo, o Blacula, mais por análise do que qualquer outra coisa. Reminiscências, reminiscências santamarienses.



JEFFERSON 
Político aguçado, um exemplo de virtudes republicanas e temido por seus adversários. Fez tremer o país ao escancarar mazelas e idiossincrasias reinantes, na época. 
Verborrágico e contundente, viu-se diante de desafios inglórios, desgastantes, superando-os um a um. Carismático e polêmico, despertou a ira de inimigos e até mesmo correligionários, mantendo-se inabalável em seus princípios em busca de uma unidade para a nação. Um estadista. 
Pena que Thomas Jefferson morreu há exatos cento e oitenta e oito anos.

CUBOS 
Até metade do século passado - lá por 1945, por aí - quase sem saneamento básico, as residências depositavam seus excrementos em cubos de madeira ou lata, recolhidos por cubeiros, periodicamente. Uma bosta aquilo. 
Não sei se houve sindicatos dos cubeiros ou se esses caras eram discriminados, tipo ter vergonha de dizer pra namorada sua real profissão, não sei. 
Imagina chegar na casa dos sogros e confessar: "Sou cubeiro!", hein? Pior do que hoje dizer que tu trabalha numa empresa privada e paga as tuas contas em dia, me parece! 
Mas isso foi no passado, hoje os cubeiros se transformaram em contribuintes que carregam a matéria-prima produzida por presidentes, governadores, burgueses mensalistas e outras espécies de protozoários em geral. Tempos de infringir embargos, cargos, desapegos e sessões de descarregos, admirável! 
E não sei porquê, mas nessa história toda de cubos e cubeiros, algo me lembra dos black blocs, juro! 
Buenas pra vocês, divirtam-se mas escolham bem, meliantes!

ME ACHANDO 
Há pouco, no shopping, uma bela moça de verdes olhos esgazeados, fez minha autoestima pairar na estratosfera quando perguntou: 
"O senhor é o Paulo Motta, que escreve no feicebuque?", meus olhinhos saltaram em seus lindos seios e só acordei do devaneio erógeno quando ela esclareceu: "Que bom, a minha avó Romilda lhe acompanha no feice de uma amiga e tinha certeza que era o senhor, aqui!". 
Disse isso puxando uma velhinha de cabelo azulado, com cara de tartaruga, parecida com o Sergio Cabral; sentaram na minha mesa e tomamos um café honesto e divertido, recheado com histórias da Dona Romilda e sua netinha com cheiro de canela, a bela, deixou uma sequela no fundo do coração do bandalho que vos fala, este mala. 
E eu me achando, queridos correligionários, e eu me achando! Fugazes segundos de fama encarnando Ernest Borgnine, o ídolo dos homens feios que ganhava o chinaredo na base do "pobrezinho, tão carente, vou dar pra ele!". A um passo da eternidade e do paraíso, queridos e queridas facínoras! 
Boa noite, apareço por aqui com alguma bobagem daqui a pouco, só me recuperar da segunda-feira e da Dona Romilda, ignóbil tomadora de Jack Daniel's que nem eu! Pensando bem, Romilda é bem matável, creiam!

POLíITICOS
Me parece que essa imprensa espúria burguesa-capitalista-imperialista que manipula e omite fatos no caso da Valenzuela, do presidente democrático Caindo de Maduro, é a mesma que joga a plebe ignara ignóbil contra a Copa do Mundo - trazida ao nosso país pelo presidente Manuel Inácio Mula da Silva -, numa clara tentativa de desestabilizar o governo socialista proletário que ora vige! Vige!